terça-feira, 2 de setembro de 2014

CONTRA  A  DEMOCRACIA  E  O  LIBERALISMO


 A ideologia do fascismo


Neste texto, Henri Michel analisa ponto por ponto tudo o que o fascismo rejeita no liberalismo, na democracia e no socialismo marxista, oferecendo uma visão sintética da ideologia adotada por líderes como Mussolini e Hitler.

O que o fascismo rejeita a priori e totalmente é a sociedade liberal do século XIX, inspirada pela “filosofia das luzes”, transposta politicamente na Revolução Francesa [...]. Essa condenação global dá origem a algumas rejeições.
Mussolini e Hitler, os principais líderes fascitas na Itália e na Alemanha.

Rejeição da democracia, considerada “podre” porque, sendo um regime de fraqueza dominado pelos grupos de pressão, é incapaz de salvaguardar o interesse nacional; o sistema parlamentar não passa de um jogo estéril, de um verbalismo alheio às realidades da nação: o pluralismo dos partidos apenas gera divisões e discussões inúteis; a escolha, pelo povo, dos dirigentes políticos é uma nociva quimera;
Crianças fazem a saudação fascista diante do professor.

Rejeição, por conseguinte, do individualismo, dos direitos do homem, da “dignidade da pessoa humana”; porque o indivíduo não tem nenhum direito; apenas existe pela comunidade na qual se integra; precisa ser enquadrado e comandado;
Rejeição da sociedade liberal, porque a liberdade degenera em licença, e a licença em enfraquecimento da coesão do grupo; o grupo tem o direito de punir aqueles que se recusam agregar-lhes; a justiça não tem como objeto defender sanções àqueles que a prejudicam;
Rejeição de um comportamento comandado pela razão, que abafa o impulso vital; o fascismo é uma reação anti-intelectualista, uma desforra do instinto; prega o culto da ação, proclama a virtude da violência.
Uma das primeiras providências do fascimo, como de todo regime
autoritário é o controle dos meios de comunicações. Isso, aliado à
propaganda do regime se encarregam de alienar a população.

Ao mesmo tempo, o fascismo combate o “socialismo marxista”, porque este é fundado na luta de classes e conduz à divisão e enfraquecimento do corpo social; não crê no esquema marxista do caráter irreversível da história. Censura também a liberdade econômica, o laissez-faire, que permite aos fortes esmagar os fracos, em detrimento da coletividade e, muitas vezes, esconde o domínio de um povo pobre por outro mais rico. Às internacionais comunista e capitalista, o fascismo procura contrapor o seu “socialismo nacional”.

Michel, Henri. Os fascismos. In: Marques, Adhemar; Berutti, Flávio; Faria, Ricardo.
História contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 2003.


Um comentário:

  1. Interessante como este pensamento vem ganhando força ultimamente! O facismo e o nazismo são muito sedutores e tanto antes como hoje, se apresentam como uma "nova" opção frente a dialética capitalismo x socialismo!

    Precisamos de novas teorias para novos tempos!

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