terça-feira, 19 de agosto de 2014

O BARÃO  E  VISCONDE  DE  MAUÁ


O grande empresário brasileiro do século XIX



Esse empresário foi Irineu Evangelista de Souza, que recebeu o título de barão apenas em 1954. Portanto, é incorreto referir-se a ele como Barão de Mauá antes dessa data.
Ele tinha  nascido no interior do Rio Grande do Sul em 1813. Perdeu o pai aos 5 anos de idade e foi alfabetizado pela própria mãe. Aos 9 anos, foi trazido para a cidade do Rio de Janeiro por um tio, e foi viver e trabalhar com um comerciante português. Aos 15 anos, começou a trabalhar como guarda-livros na loja de um comerciante escocês no Rio de Janeiro. Alguns anos depois, associou-se ao patrão e viajou para a Grã-Bretanha, onde assimilou o espírito frenético da Segunda Revolução Industrial. 
De volta ao Brasil, afastou-se do antigo patrão e, em 1846, comprou uma pequena fundição em Ponta da Areia, perto de Niterói. Sob sua direção, em pouco tempo a oficina seria transformada num dos primeiros estaleiros de construção naval do país, do qual sairiam muitos dos navios utilizados por nossa Marinha na Guerra do Paraguai.
Irineu Evangelista de Souza


Em 1851, fundou o Banco do Brasil. Era a segunda vez que o Banco do Brasil era fundado. A primeira havia sido, em 1808, quando da chegada da Família Real. Esse banco, entretanto, faliu em 1829. Mas o Banco do Brasil de Irinnu durou apenas dois anos, pois o governo decretou a sua fusão com outro banco já existente e, dessa fusão, resultou no novo Banco do Brasil, como empresa estatal, existente até hoje. Irineu fundou então outro banco, denominado Banco Mauá, MacGregor & Cia, com filiais em várias capitais brasileiras, em Londres, Paris e Nova Iorque.
Outras empresas: em 1851, Irineu obteve a concessão do serviço de iluminação a gás encanado do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, fundou a Companhia a Vapor do Rio Amazonas, que empregaria barcos fabricados pelo Estaleiro de Ponta da Areia. A partir de então, suas atividades se diversificaram cada vez mais. Em 1854, inaugurou na capital do Império a primeira ferrovia brasileira, ligando Porto Mauá à serra da Estrela e, mais tarde, à cidade de Petrópolis. Esse feito levou o imperador dom Pedro II a conceder-lhe o título de barão de Mauá, pelo qual ficaria conhecido. Em 1857, fundou no Uruguai o Banco Mauá Y Cia, que se tornou a mais importante instituição bancária daquele país, com filial em Buenos Aires.
A Baronesa, a primeira locotiva a circular no Brasil.

Nesse tempo, Mauá tinha se tornado não só o maior empresário, como também o homem mais rico do Brasil.
Foi então, que sua vida empresarial sofreu uma grande virada.
No Brasil, a política econômica do governo imperial não seguia uma orientação coerente e homogênea. Ao contrário, variava ao sabor das pressões, ora dos senhores de terras, que exigiam o fim das medidas protecionistas, ora dos industrialistas, que defendiam tarifas protecionistas. Assim, em 1860, as tarifas Alves Branco foram reduzidas para satisfazer às exigências da aristocracia agrária. Isso representou um golpe de morte na fundição da Ponta da Areia, que ficou sem condições de competir com os produtos importados.
Mas a pior das notícias veio do Uruguai. O governo daquele país, que era o maior credor do Banco Mauá, deixou de pagar suas dívidas. O Banco Mauá não suportou o prejuízo e faliu. A crise repercutiu no Brasil, afetando Banco Mauá, MacGregor & Cia (já então chamado apenas de Banco Mauá), e este também teve de fechar as portas. Nessas circunstâncias, Mauá não conseguiu manter seus negócios e teve sua falência decretada.
Dinheiro emitido pelo Banco Mauá no Uruguai. 


Mesmo assim, o barão de Mauá não renunciou ao espírito empreendedor. Em 1874, realizou a ligação telegráfica entre o Brasil e a Europa, por meio de um cabo submarino. E como prêmio de consolo foi agraciado pelo Imperador com o título de Visconde de Mauá. Faleceu aos 75 anos, em 21 de outubro de 1889, poucos dias antes da proclamação da República. 
Outra homenagem que recebeu, ainda em vida, foi a instituição do dia 30 de abril como o dia dos ferroviários brasileiros. A homenagem foi criada em 1854, logo após a inauguração da primeira ferrovia brasileira. 

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