quinta-feira, 7 de agosto de 2014

CHINA IMPERIAL


Mais sofisticado  império do mundo



Em 1644, com o suicídio do último imperador, chegou ao fim a “Era Ming”
na China. Embora fosse o maior e mais sofisticado império do mundo em 1600,
a China não resistiu à crise que pôs fim à dinastia Ming e travou o processo
de formação da “China moderna”. Veja como isso ocorreu.

No final do século XVI, a dinastia Ming parecia estar no auge de sua glória. Suas realizações na cultura e nas artes eram notáveis, a vida urbana e comercial estava difundindo novos níveis de prosperidade, e a perícia chinesa na impressão e na manufatura de seda e porcelana excedia qualquer coisa encontrada na Europa na mesma época. No entanto, embora seja um lugar-comum ver nesse período o nascimento da “Europa moderna”, não é tão fácil ver nele um ponto de partida óbvio para a China moderna. [...]

Pintura chhinesa do tempo da dinastia Ming
O tecido frouxo do Estado e da economia do final da China dos Ming começou a desfiar em muitos pontos. A queda dos rendimentos provenientes de impostos fez com que o exército começasse a deixar de ser pago prontamente. A deserção de tropas estimulou a penetração das fronteiras por tribos hostis [...].

A supervisão inadequada dos celeiros por parte do Estado e más condições climáticas causaram subnutrição e suscetibilidade às pestilências entre as populações rurais. Bandos casuais de descontentes aglutinaram-se em exércitos cuja única ideologia era a sobrevivência. Por volta de 1644, todos esses elementos combinaram-se de modo tão virulento que o último dos imperadores Ming cometeu suicídio.

Quem trouxe ordem para esse caos não foram os rebeldes camponeses nem os desafetos entre os mandarins, mas membros da tribo jürchen, dos territórios situados além das fronteiras do Norte da China, que chamavam a si mesmos de manchus. A vitória deles baseou-se na formação bem-sucedida de um sistema de unidades militares e administrativas e do núcleo de uma burocracia, muito antes de estarem de fato prontos para conquistar a China. Com essas instituições em funcionamento, e com um grande número de chineses capturados ou rendidos servindo-os como conselheiros políticos, soldados, artesãos e lavradores, os manchus estavam prontos para agarrar a oportunidade de invadir a China quando ela se apresentou em 1644. 
Spence, Jonathan D. Em busca da China moderna: quatro séculos de história.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 23.


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