quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A  ECONOMIA  CAFEEIRA  E  A  CHEGADA  DOS  IMIGRANTES


  Na industrialização de São Paulo


No final do século XIX o café era um produto agrícola de exportação, como
antes fora o açúcar e o algodão. Mas seu financiamento, produção e comercialização se deram em condições diferentes. Assim, a dinâmica da
economia cafeeira, em vez de reforçar a economia agroexportadora,
lançou as bases para a industrialização de São Paulo.

O crescimento industrial paulista data do período posterior à abolição da escravatura, embora se esboçasse desde a década de 1870. Originou-se de pelo menos duas fontes inter-relacionadas: o setor cafeeiro e os imigrantes. Os negócios do café lançaram as bases para o primeiro surto da indústria por várias razões: em primeiro lugar, ao promover a imigração e os empregos urbanos vinculados ao complexo cafeeiro, criaram um mercado para produtos manufaturados; em segundo, ao promover o investimento em estradas de ferro, ampliaram e integraram esse mercado; em terceiro, ao desenvolver o comércio de exportação e importação, contribuíram para a criação de um sistema de distribuição de produtos manufaturados. Por último, lembremos que as máquinas industriais eram importadas e a exportação do café fornecia os recursos em moeda estrangeira para pagá-las.
"Café". Pintura do artista brasileiro Candido Portinari.

Membros da burguesia do café tornaram-se investidores em uma série de atividades. Um exemplo significativo é o do senador Lacerda Franco, fazendeiro e fundador de uma empresa corretora de café. Proclamada a República, obteve a concessão para criar um banco de emissão e iniciou uma grande fábrica de tecidos em Sorocaba. Mais tarde, fundou outra menor em Jundiaí, uma companhia telefônica, e foi diretor da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Trabalhadores estrangeiros chegando à Hospedaria
do Imigrante, em São Paulo.


Os imigrantes surgem nas duas pontas da indústria, como donos de empresas e como operários. Além disso, vários deles foram técnicos especializados. A história dos trabalhadores estrangeiros é parte da história dos imigrantes que vieram “fazer a América” e viram seus sonhos se desfazer na nova terra. Eles tiveram papel fundamental nas empresas manufatureiras da capital de São Paulo, nas quais, em 1893, 70% de seus integrantes eram estrangeiros. Na indústria do Rio de Janeiro a porcentagem era menor, mas, mesmo assim, muito expressiva: 39% em 1890.
Fausto, Boris. História do Brasil. 6. ed.
São Paulo: Edusp; FDE, 1999. p. 287.


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