quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A  DIALÉTICA  DO  IMPERIALISMO


  Extermínio da  população e  organização  da  infraestrutura


 O texto discute algumas das contradições do complexo fenômeno chamado de imperialismo. Os países imperialistas exterminaram populações e ocidentalizaram regiões inteiras das colônias; organizaram redes de infraestrutura e trocaram os benefícios de curto prazo  pelo cálculo estratégico.

A conquista dos imensos territórios coloniais foi possível graças à superioridade militar, econômica e tecnológica dos europeus, e foi obtida pela guerra e pela exploração das rivalidades existentes entre os povos destas regiões. Civilizações inteiras foram destruídas, com suas populações sendo reduzidas à apatia, e alguns grupos foram praticamente exterminados. Em muitos lugares houve intensa resistência, raramente bem-sucedida a longo prazo. Do ponto de vista macro-histórico é importante considerar que este fenômeno produzia uma espécie de ocidentalização do mundo, às vezes superficial, outras vezes profunda. Também convém salientar que a dinâmica do desenvolvimento social e nacional dessas regiões ficava abafada, pelo menos momentaneamente. Contudo, as administrações coloniais criaram redes de infraestrutura, saneamento e introduziram modernas estruturas econômicas em algumas áreas conquistadas, obviamente na tentativa de maximizar a exploração econômica destas.
Caricatura satiriza a partilha da China.

Há também outro problema importante a destacar. A dinâmica imperialista poucas vezes obedecia a um cálculo de custo-benefício de curto prazo. A maioria das colônias era deficitária inicialmente, o que levou grupos conservadores metropolitanos a opor-se ao imperialismo, com a finalidade de equilibrar o orçamento doméstico. Contudo, isto não significa que a expansão das potências da época tenha constituído um fenômeno irracional ou apenas motivado por uma política de prestígio. A concorrência entre os polos desenvolvidos havia adquirido tal intensidade, que era necessário preparar o futuro. Não ocupar uma região por ser relativamente pobre era deixar espaço para outra potência, que posteriormente poderia aí descobrir recursos importantes.
Visentini, Paulo G. Fagundes; Pereira, Analúcia Danielevicz. História do mundo contemporâneo: da Pax Britânica do século XVIII ao Choque das Civilizações do século XXI. Petrópolis: Vozes, 2008.


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