segunda-feira, 28 de julho de 2014

O NASCIMENTO DO SISTEMA FABRIL

O pioneirismo inglês

A Revolução Industrial foi o resultado de um longo pro­cesso que teve início na Baixa Idade Média, com o renascimento das cidades e do comércio na Europa ocidental. A partir desse momento, ganharam importância cada vez maior as noções de lucro e de produtividade, fundamentais para o desenvolvimento de uma mentalidade voltada para o enriquecimento e para a acumulação: a mentalidade empresarial capitalista.
Com as Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, as atividades econômicas se expandiram. Controlando vastos territórios em quase todo o mundo, os europeus passaram a explorar o comércio em proporções mundiais, levando para o seu continente riquezas que seriam aplicadas na fabricação de produtos destinados a alimentar um mercado cada vez maior.

O sistema doméstico
As próprias formas de produção de mercadorias na Europa acabaram por se transformar. Para atender à demanda crescente, surgiram métodos mais eficientes de produzir. Com isso, as antigas corporações de ofício se enfraqueceram e perderam importância. Elas foram, gradativamente, substituídas pela produção manufatureira. Os artesãos trabalhavam em suas próprias casas por encomenda. Por isso essa forma de produção é também chamada de sistema doméstica. Essa nova forma de produção era dirigida por um comerciante que controlava o trabalho de vários artesão, fornecendo a matéria-prima e as ferramentas neces­sárias e, como forma de pagamento, recebiam um salário.
A partir de meados do século XVIII, alguns comerciantes perceberam que podiam aumentar ainda mais a produção e os lucros. E, em vez de espalhar ferramentas e matérias-primas entre os artesãos do sistema doméstico, passaram a reuni-los num mesmo local para trabalhar: assim surgiram as fábricas, ou o sistema fabril, com a substituição das ferramentas artesanais pelas máquinas.

Surge o sistema fabril
As fábricas trouxeram muitas vantagens aos empresários. Ficou mais fácil controlar a produção, pois era possível reduzir a perda de matérias-primas, por exemplo, e ao mesmo tempo fiscalizar de perto a qualidade do produto. A fábrica possibilitou ainda incrementar a produtividade, ao tornar mais eficaz o controle sobre a velocidade e o ritmo do trabalhador. Além disso, a produção foi reorganizada. A fabricação de cada mercadoria passou a ser dividida em várias etapas, num processo conhecido como produção em série. Concentrado em uma única atividade, o trabalhador especializava-se e aumentava a produção.
Essas características acabaram influindo no custo final do produto. Com mercadorias produzidas por meios mais baratos, era possível aumentar a margem de lucro e o mercado consumidor.
As fábricas mudaram a paisagem da Inglaterra.

 Mudanças causadas pelas fábricas
As fábricas são um dos símbolos mais visíveis da Revolução Industrial. Elas modificaram as sociedades de forma definitiva: além de introduzir a produção em série de mercadorias — uma inovação no sistema produtivo —, alteraram as relações de trabalho e a paisagem.
Foram as fábricas as principais responsáveis pelo desenvolvimento das grandes cidades, um novo cenário dominado por chaminés e por multidões de trabalhadores, marcado também por sério desequilíbrio ambiental.
A transformação mais importante no modo de produção, porém, foi causada pelo emprego de máquinas movidas a vapor nas unidades fabris, o que assinalou a passagem da produção artesanal domiciliar para a produção em grande escala. Multiplicando o trabalho humano, as máquinas ampliaram ainda mais a produção de mercadorias. Assim, surgiram as indústrias modernas, reunindo centenas de trabalhadores, incluindo mulheres e crianças.
O trabalho de mulheres e crianças ganhou espaço nas novas fábricas.

A Revolução Industrial e o trabalhador
Para o trabalhador, esse processo significou a perda gradual do controle de suas atividades. Na época das corporações de ofício, ele era dono de suas ferramentas e senhor de seu ritmo de trabalho. Na manufatura, sem suas ferramentas e matérias-primas, tornou-se dependente do comerciante, mas ainda exercia o controle sobre seu trabalho.
No sistema fabril, esse controle passou a ser feito por técnicos, sob o comando dos empresários. A atividade do trabalhador tornou-se apenas uma parcela da produção geral, e ele perdeu o domínio sobre o produto final de seu trabalho.


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