quinta-feira, 31 de julho de 2014

A IGREJA NO MUNDO FEUDAL


Fora da Igreja não havia salvação


A Igreja era a mais importante instituição do mundo feudal; do ponto de vista religioso, era única. Os membros mais elevados de sua hierarquia, bispos e abades, eram recrutados entre os nobres. Naquela época, tinha-se o costume de fazer com que o segundo filho de uma família nobre seguisse a carreira eclesiástica — o primeiro filho herdava o feudo, segundo o direito de primogenitura.

O papa no alto do clero católico
Até mesmo o tempo era regulado pela religião — as pessoas marcavam o ritmo de suas vidas pelo toque do sino das igrejas. Completamente voltadas para as práticas religiosas, acreditavam que a vida na Terra era apenas um momento antes da eternidade, que seria vivida ao lado de Deus.
Colocando-se como a única intermediária entre a humanidade e Deus, a Igreja passou a deter o monopólio da salvação - quer dizer, fora da Igreja não havia salvação. Sua organização hierárquica, no topo da qual estava o papa, era extremamente centralizada e rígida. A serviço de Deus, os membros do clero cumpriam um rigoroso regime de obediência e disciplina.
Seu raio de ação, entretanto, não se limitava à vida espiritual. Na verdade, ao longo dos séculos, a Igreja tornou-se proprietária de grande patrimônio — possuía terras, vassalos, servos —, acumulado graças às doações feitas por aqueles que queriam, por seu intermédio, ser libertados da condenação divina. Por outro lado, a Igreja ajudava os mais pobres, mantinha hospitais e servia de refúgio e abrigo.
Em meio a uma sociedade constituída de pessoas iletradas, a Igreja mantinha o controle absoluto do saber erudito. Detendo informações e conhecimentos importantes, garantia que seu domínio se estendesse ao longo de séculos de maneira quase inabalável.
Aqueles que questionavam as práticas instituídas pela Igreja eram considerados seus adversários. Em outras palavras, os que interpretavam os ensinamentos cristãos de maneira diferente daquela que a Igreja pregava passaram a ser chamados de hereges.

Excomunhão e Inquisição


A tortura foi adotada pela Igreja como
forma de extrair confissões
do acusados de delitos
contra a fé.

Com o intuito de manter-se soberana nos assuntos espirituais, a Igreja desencadeou uma guerra sem tréguas contra os hereges. Como forma de reprimi-los, criou a excomunhão e o Tribunal do Santo Ofício, mais conhecido como Inquisição. Pela excomunhão, o cristão era excluído da Igreja e ficava impedido de receber os sacramentos e outros benefícios indispensáveis à salvação, concedidos por seu intermédio. A Inquisição, por sua vez, oficializada pelo papa em 1231, julgava hereges e dissidentes. Aos que se recusavam a se retratar, ou seja, renegar as ideias e práticas condenadas, eram punidos de maneira implacável - em geral, condenado à morte na fogueira.

Monasticismo

Desde o final da Antiguidade, a hierarquia do clero era constituída pelo papa e pelos arcebispos, bispos, abades e padres. Eles formavam o clero secular (do latim saeculum, mundo), expressão que designava os sacerdotes que desenvolviam atividades voltadas para o público.

A cópia de manuscritos foi uma das principais contribuições
dos monges, chamados "monges copistas".
Paralelamente, desenvolveu-se o clero regular, formado pelos religiosos que viviam em mosteiros (monges e abades), em regime de reclusão ou semirreclusão, isto é, afastados do mundo material.


O hábito de viver em mosteiros — chamado monasticismo — começou a existir no Ocidente no século VI, quando Bento de Núrcia fundou o mosteiro do Monte Cassino, na atual Itália. Bento foi santificado como São Bento (também chamado de São Benedito) e deu origem à ordem (ou irmandade) dos beneditinos. A ordem beneditina tinha por lema a expressão latina "ora et labora" (reza e trabalho). 

Vista geral de um grande mosteiro
São Bento criou uma regra para disciplinar a vida de seus monges, que foi aprovada pelo papa e serviu de modelo para outras ordens surgidas posteriormente, como a dos franciscanos, a dos dominicanos, etc. O modelo dos mosteiros masculinos, dirigidos por um abade, foi logo instituído para as mulheres.

Os mosteiros ou monastérios desempenharam importante papel na Europa medieval, cristianizando povos, cultivando terras, organizando e mantendo escolas e bibliotecas.



Nenhum comentário:

Postar um comentário